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terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Os "bosses" também existem na Guiné-Bissau...guineenses, tenham cuidado!

Nos Estados Unidos da América, por detrás das máquinas partidárias estão os “bosses”, que, na sombra, angariam votos e financiamentos, e determinam o jogo do Poder. O boss, para além de ser um empresário político capitalista, que angaria votos por sua conta e risco, é indispensável para a organização do partido, que ele centraliza nas suas mãos. O boss constitui a principal fonte de meios financeiros, que consegue, em parte, mediante as contribuições dos membros; e, sobretudo, por meio da taxação dos salários dos funcionários que chegaram ao cargo através dele e do seu partido. Outras fontes de rendimento passam pela corrupção e pelas gratificações. Quem quiser infringir impunemente alguma das numerosas leis, precisa da conivência do boss e tem que pagar, sem o que se arrisca a sofrer consequências muito desagradáveis. O boss não tem “princípios” políticos sólidos, carece totalmente de convicções e só quer saber como se podem conseguir os votos. Não é raro que seja um homem inculto. Mas a sua vida privada costuma ser correcta e irrepreensível. Naturalmente, os bosses opõem-se com unhas e dentes a qualquer outsider (alguém de fora) que represente um perigo para as suas fontes de Poder e de dinheiro. O boss é também indispensável como receptor imediato do dinheiro dos grandes magnatas financeiros. Estes não confiariam de modo algum o dinheiro que dão com fins eleitorais a um funcionário assalariado ou a um homem que tem de prestar contas publicamente. O boss, com a sua prudente discrição em questões de dinheiro, é decerto o homem dos círculos capitalistas que financiam as eleições. O boss típico é um homem absolutamente cinzento ou apagado. Não busca o prestígio social; pelo contrário, o “profissional” é desprezado na “boa sociedade”. Busca exclusivamente o Poder, como meio de conseguir o dinheiro (fonte monetária), mas também pelo Poder em si. Diferentemente do leader inglês, o boss americano trabalha na sombra. Raramente é ouvido a falar; sugere aos oradores o que oportunamente devem dizer, mas cala-se. Regra geral, não ocupa nenhum cargo, a não ser o de senador no Senado Federal. Porque, como constitucionalmente os senadores participam no Poder de distribuição dos cargos, é frequente que o próprio boss se junte, pessoalmente, a esta corporação. A atribuição dos cargos faz-se, em primeiro lugar, de acordo com os serviços prestados ao partido. Isto não impede que também se entreguem, em muitos casos, a troco de dinheiro, e até já existem quantias fixas como preço de determinados cargos. Em definitivo, trata-se de um sistema de venda dos cargos, semelhante àquele que, durante os séculos XVII-XVIII, conheceram as monarquias europeias. Para combater este problema, os EUA tentaram diminuir o número de cargos objecto de “despojo eleitoral”, atribuindo-os a pessoas com formação, mediante provas de capacitação. Esta parece ser a solução mais sensata para combater este tipo de corrupção legalizada (Weber, 1979: 63-66; 2005: 95-96, 99-100).
Assim como existem e actuam nos Estados Unidos da América, os “bossesestão presentes noutros países como na Guiné-Bissau: agem nas sombras, comprando e vendendo lugares e influenciando indirectamente aqueles que dão a cara nos órgãos de Poder.


Para mais informações, consultar o meu livro: Mendes, Livonildo Francisco (2015). Modelo Político Unificador – Novo Paradigma de Governação na Guiné-Bissau (pp. 84-85). Lisboa: Chiado Editora.


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