Tendo
em conta as notícias divulgadas nos meios de comunicação social, blogues e
facebook, dando conta da posição do Régulo/Chefe tradicional Lúcio Rodrigues,
em defesa da reposição das estátuas erguidas na época colonial,
que foram derrubadas após a independência nacional na Guiné-Bissau, sinto-me
motivado a dizer que este Régulo subscreveu de forma implícita ou explícita as
minhas críticas construtivas, já defendidas ao longo da minha formação, em
especial, na dissertação de mestrado (2010), tese de doutoramento (2014) e no meu livro (2015).
Com base nesta linha de
pensamento, fundamentei a minha análise numa abordagem crítica de Raymond Aron,
que defendia o capitalismo por oposição ao comunismo, e considerava que o marxismo
é o “ópio dos intelectuais”, “e dos líderes africanos”, porque os leva a
desculpar os erros e crimes cometidos nos países “de ideologias” comunistas,
por acreditarem que os terríveis sofrimentos do povo na ditadura do
proletariado seriam compensados na fase final do comunismo, com uma sociedade
de liberdade, igualdade e amor. O marxismo é, para Aron, mais perigoso que a
religião (o “ópio do povo”, segundo Marx), porque defende a construção de um
mundo melhor através da morte ou desaparecimento da face da terra de classes
inteiras, membros de partidos “políticos” não-marxistas, e de todos os que são
considerados “indesejáveis”. No marxismo, não existe caminho pela via pacífica,
é necessária a revolução e a insurreição para destruir pela
violência/guerra todas as condições sociais existentes (por exemplo, os ajustes
de contas contra os guineenses que eram aliados do colonialista português e a destruição e derrube das estátuas erguidas
pelos portugueses na Guiné-Bissau [Diogo Cão, Nuno Tristão, Teixeira Pinto,
Honório Barreto, etc.], com a excepção
da estátua da Maria da Fonte).
Na qualidade de Sociólogo e Politicólogo guineense, subscrevo
o slogan do grande filósofo/político romano Marco Túlio Cícero [106 a.C. – 43 a.C.],
que dizia que “quem desconhece a história
permanece criança”. É por este motivo que defendo uma cooperação forte e
saudável entre a Guiné-Bissau e Portugal, como forma de ambos corrigirem os erros
do passado, nomeadamente a urgente necessidade do Estado guineense repor todas
as estátuas construídas/erguidas pelos portugueses na Guiné-Bissau, que foram
derrubadas após a independência nacional. Visto que a preservação da herança
cultural com todas as memórias vivas através dos seus monumentos constitui o
orgulho e respeito de um povo, os guineenses devem saber distinguir o passado,
valorizar o presente e projectar um futuro melhor. Além disso, é importante
pressionar Portugal para a manutenção dos patrimónios culturais erguidos na
Guiné-Bissau; e exigir de Portugal o pagamento de pensões ou reformas aos seus
antigos comandos africanos – o Estado guineense deve também erguer algumas
estátuas das figuras lendárias guineenses desde 1240 até à actualidade e apoiar
os seus antigos combatentes do PAIGC, no sentido de não criar desequilíbrios
entre as diferentes partes. O reconhecimento desses erros é um dos primeiros
passos que a nação guineense e a nação portuguesa podem dar para a estabilidade
política e o fortalecimento de relações.
(Fontes: Amaral, 2011: 387, 464, 467, 469, 567-570; Cícero, 2013; Mendes, 2010: 97; 2014: 432; 2015: 93, 164, 544; Sapo, 28-11-2015)
Para
mais informações, consultar o meu livro: Mendes,
Livonildo Francisco (2015). Modelo Político Unificador – Novo Paradigma
de Governação na Guiné-Bissau (pp. 93, 164, 544). Lisboa:
Chiado Editora.
Concordo.Elas são História assim como monumentos que o Estado português deve contribuir para sua manutenção.
ResponderEliminarCaro amigo Livonildo, fiquei contente com este artigo, mas a pena eque as pessoas confundem as coisas. Elas devem saber que o passado colonial faz parte da nossa historia.
ResponderEliminarCaros amigos António Leite de Magalhães e Bubacar Djaló, muito obrigado pelos vossos comentários. É bom saber que a minha análise da realidade guineense faz sentido para algumas pessoas. Conto convosco. Um grande abraço
ResponderEliminarParabéns pelo artigo, Livonildo! excelente análise.
ResponderEliminarEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarCaríssima amiga Caetano Caetano muito obrigado pelas tuas palavras
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