«[…] Líderes africanos perpetuam-se no poder com manobras
constitucionais. Populações manifestam-se contra essa tendência por todo o
continente. O secretário-geral Ban Ki-moon pediu que
líderes deixem cargos no fim dos seus mandatos. Peço a todos os líderes da África e do mundo que escutem o seu povo […]».
Beowulf
é a personagem principal de um poema épico da literatura Anglo-Saxónica escrito
na Grã-Bretanha entre os séculos VIII e XI. Na sua adaptação ao cinema de 2007,
Beowulf, um corajoso guerreiro da tribo dos gautas (da Suécia) livra os dinamarqueses
(do reino chefiado por Hrothgar) do terrível Grendel. Porém, ao ser confrontado
com a sedutora Mãe do Monstro, Beowulf, ao invés de matá-la, cai na tentação e
envolve-se com ela. Percebemos depois que Grendel, afinal, era filho do próprio
rei Hrothgar que também havia sucumbido à tentação anos antes. Do enlace entre
Beowulf e a Mãe de Grendel nasce um novo Monstro (um Dragão) que acabará por matar
Beowulf (que, entretanto sobe ao trono, após a morte de Hrothgar) e destruir o
reino. No final, a Mãe de Grendel e do Dragão sorriu, vitoriosa, apontando as
suas atenções para a sua próxima vítima – o possível futuro rei. Esta história
(que foge bastante ao poema original, e que pode ser encontrada no livro Beowulf
de Citlín Kierman (2007)) mostra-nos como a ambição desmedida pelo Poder
pode arruinar o futuro dos Homens, criando ciclos repetidos de mentira,
traição, violência e morte. Queremos dizer, com este conto maravilhoso, que os
líderes e partidos políticos guineenses/africanos fazem pactos com os militares
para conquistarem, exercerem e perpetuarem no Poder nos seus países e, quando
há mal-entendidos entre eles, ou quando estão com dificuldades em cumprir os
pactos envolvem-se em Touradas Político-Militares (golpes de Estado, prisões,
torturas, espancamentos, expulsão do país e mortes). O facto de serem os homens,
na sua maioria, que detêm/exercem o Poder na Guiné-Bissau/em África constitui
mais um exemplo que se enquadra na lenda de Beowulf, sendo que no reino de
Hrothgar o Poder é exercido (pelo menos, de forma aparente) pelos homens.
Todas
estas ideias apontam para a necessidade de uma profunda remodelação/modernização política,
que tem de preceder todas as outras reformas, nomeadamente a modernização do sector
das forças armadas.
Para mais informações, consultar o meu livro: Mendes,
Livonildo Francisco (2015: 178-188). Modelo
Político Unificador – Novo Paradigma de Governação na Guiné-Bissau. Lisboa:
Chiado Editora.
Ao respeito que tenho por um ser humano, evito caracterizar certos políticos de Guiné-Bissau,. Enquanto não houver um governo com gentes capazes e com coragem de rever a nossa constituição, juízes, militares e polícias cientes de vincar a sua pátria e não interesse pessoal. Sim, aí o nosso país vai mudando para muito melhor. Não podemos continuar na lei de deixa passar. As pessoas têm que ter uma referência do bom cidadão e pagar pelos erros. É bom que pensemos todos, o país é de toda nação. Nem é de tribos enquanto etnias.
ResponderEliminarMuito obrigado pelo seu comentário. Concordo plenamente com o seu ponto de vista - nós, guineenses, precisamos de investir no nosso país, procurando melhorar a vida de todos os cidadãos. A minha dissertação de mestrado versa precisamente sobre a mudança de mentalidades para a consolidação da democracia e da cidadania. Até hoje os guineenses não conseguiram desenvolver uma noção de cidadania compatível com o Bem Comum, e continuam a focar-se apenas nos seus próprios interesses pessoais, tal como referiu. Vou tentar desenvolver um post sobre este tema em breve. Espero poder contar com mais comentários da sua parte. Bem-haja
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