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domingo, 11 de novembro de 2018

Propostas de Mudança Para a Convenção Nacional - Bipolarização Bipartidária Entre Republicanos & Democratas Guineenses

Magníficos leitores, os meus respeitosos cumprimentos. Peço a vossa compreensão por este compasso de espera. Chamo, antes de mais, a atenção aos meus leitores de que a verdadeira Proposta de Mudança sobre a Política guineense se encontra no meu livro (Mendes, 2015: 427-540). No post de hoje, vou apresentar uma pequena Proposta de Mudança para que haja uma Convenção Nacional. Depois deste, tentarei fazer mais posts: sobre a União Política dos Guineenses, sobre o Federalismo na Guiné-Bissau e, para terminar a temporada, farei um post sobre a Via Segura para Promover a Igualdade de Género (e se houver tempo, os meus leitores terão direito a um post como Cabaz de Natal). Para hoje, faço analogia aos posts sobre as Crises Políticas Americanas e as Crises Internas do PAIGC, e coloco três questões: 1ª. É possível falar em Estados Unidos da Guiné-Bissau? 2ª. À semelhança dos EUA, como surgiram os Partidos Políticos Guineenses? 3ª. Quais serão os principais passos para a verdadeira Convenção Nacional na Guiné-Bissau?
É possível falar em Estados Unidos da Guiné-Bissau «EUGB», se eu levar em consideração o Mosaico Étnico guineense em correlação com as palavras de René Pélissier (1989: 31, vol. 1), quando diz que «a Guiné Costeira foi, ao longo dos tempos, um refúgio de numerosos Povos recalcados por diferentes invasões» (Mendes, 2015:105-106). Bem interpretadas as palavras de Pélissier, posso dizer que, tal como nos EUA que tinham Etnias Originárias – os Índios divididos em várias Tribos –, e mais tarde, os Europeus fizeram chegar outros Povos por meio dos Colonos que usaram na Escravatura, como tentativa de exterminar/eliminar os Índios ao longo de séculos, na Guiné-Bissau, ocorreu a vinda de outros Povos – Felupes, Balantas, Beafadas, Mandingas, Fulas, Portugueses, (surgimento e vinda dos Caboverdianos), etc. –, contudo, não houve a tentativa, por parte da Potência Colonizadora (Portugal), de exterminar/eliminar as Etnias Originárias – Manjacos, Papeis e Mancanhas – da Guiné-Bissau, apesar da Guiné ter sofrido muito com a Escravatura, que levou os seus melhores Homens para outras partes do mundo!
No contexto da Guiné-Bissau, os Partidos Políticos surgiram a partir da década de 90 do século XX, com a revisão do artigo-4º da CRGB de 1973 e 1984, que legitimava o PAIGC como Força Política e Dirigente da Sociedade, permitindo, assim, a formação e legalização de outras Forças Políticas guineenses. Nessa fase da transição para a Democracia, teria sido importante que o Estado guineense impedisse o PAIGC “Partido-Estado” de se transformar num Partido Político, levando consigo todas as propriedades do Estado, por si criadas – a ‘Identidade Guineense’, a Constituição da República da Guiné-Bissau «CRGB», a Assembleia Nacional Popular «ANP», as Forças Armadas Revolucionárias do Povo «FARP» (Forças Armadas da Guiné-Bissau «FAGB»), a Bandeira do Estado, o Hino Nacional, o facto de ter dado a Independência ao País. Tendo em conta que o próprio PAIGC não passava de um Movimento de Libertação Nacional «MLN», as propriedades do Estado deveriam permanecer, como parte do Património do Povo guineense, independentemente de um eventual desaparecimento do Partido Político. Por estas razões, elas deveriam ser totalmente independentes de qualquer relação com Organizações Partidárias (Mendes, 2010: 70-89; 2015: 381-382).
  Tendo em conta tudo o que foi dito até agora, torna-se um pouco difícil dizer, em termos de Sistemas Políticos Comparados e da Ciência Política “pura-&-dura”, que existem de facto Partidos Políticos no contexto da Guiné-Bissau. Isto é, atendendo ao facto de existir um Partido-Estado “PAIGC”, que me leva a denominar as outras Forças Políticas Partidárias (mais de 43) de “Partidos-Clones”. E são chamados de Partidos-Clones por terem sido “fabricados” pelo Partido-Estado “PAIGC”. Ou seja, são Partidos Políticos cujo staff é – na sua esmagadora maioria – constituído por indivíduos provenientes do Partido-Estado “PAIGC” [todos eles resultantes da “Carta dos 121 Militantes, com excepção de FLING e RGB-Movimento Bafatá], tendo-se infiltrado nesses Partidos-Clones ou nos Partidos Sazonais (que são fundados para determinadas Eleições). Estes indivíduos têm como objectivo principal a execução de sabotagens e fornecimento de informações, acabando, na pior das hipóteses, por funcionar como “cláusula travão” para a não existência de uma verdadeira oposição política na Guiné-Bissau. Este facto é notório quando verificamos que, quase todos, os dirigentes e principais figuras Partidárias dos Partidos-Clones ou dos Partidos Sazonais, acabaram por ser promovidos para Cargos Públicos e Privados (mesmo a nível Sub-Regional e Internacional), ao longo das duas décadas de Democracia guineense. Muitos deles estão, aliás, a regressar hoje em dia para o PAIGC (Mendes, 2015: 382-383).
De acordo com a analogia dos posts sobre as Crises Políticas Americanas e as Crises Internas do PAIGC, deveria existir, com urgência, a figura de um George Washington Guineense que convocasse uma Convenção Nacional para criar uma verdadeira Constituição da República para a União Política dos Guineenses. Neste caso, se DSP não aproveitar esta possibilidade, Jomav (ou qualquer outra figura) poderá desempenhar este papel para «lavar as suas mãos à moda de Pilatos». No post sobre as Crises Políticas Internas no PAIGC – entre as duas Alas/Facções em confronto – enquadramos a actual Direcção do PAIGC, liderada pelo DSP «vulgo Matchu», a Favor da Mudança, mais próxima dos Federalistas[1] Americanos e os Dissidentes do MADEM G-15, liderado por Braima Camará «vulgo Bá-Quekutó», com as Alas Duras – «Conservadora e Liberal dentro do PAIGC» – que estavam Contra as Mudanças no II Congresso Extraordinário do PAIGC, mais próximas dos Anti-Federalistas Americanos, que eram contra a União dos Estados.
Comparativamente ao contexto da época Americana, existem quatro requisitos para cumprir na Guiné-Bissau: 1. A Ala Federalista[2] de DSP, deve aceitar transformar o PAIGC num Estado Federal (Nacional), correspondendo à Forma de Estado que a Guiné-Bissau irá ser e as Nove Regiões do País passarão ser os Nove Estados Federados da Guiné-Bissau (a Capital do País e o Poder Central ocuparão, até prova do contrário, o papel de Estado Federal); 2. A Ala Federalista Guineense do PAIGC de DSP/Matchu (e seus Aliados) deve criar Duas Câmaras no Parlamento (Assembleia Nacional Popular «ANP») que garantam a Representação dos referidos Estados Federados, sem eliminar as suas diferenças: a Câmara dos Deputados/Representantes será proporcional à População dos Estados Federados da Guiné-Bissau e a Câmara do Senado será formada por Dois Membros de cada Estado Federado da Guiné-Bissau, indicados pelos Deputados. E cada Estado Federado deve ter a sua própria Constituição que respeitará a Constituição do Estado Federal; 3. Se a Ala Anti-Federalista Guineense do MADEM G-15 de Braima Camará «Bá-Quekutó» (e seus Aliados) tiver vitória nas próximas Eleições, a Ala Federalista de DSP deve aceitar o resultado e a transição deve ser pacífica, sem ódio nem perseguição por parte dos Anti-Federalistas. 4. O MADEM G-15 (com seus Aliados), se ganhar, deve aceitar transformar-se no Partido Republicano Guineense, por ter a sua origem na Ala Dura – «Conservadora e Liberal dentro do PAIGC» – que estava Contra as Mudanças no II Congresso Extraordinário do PAIGC, daí a razão da sua aproximação ao Conservadorismo Republicano dos EUA. Enquanto que, Ala Federalista Guineense do PAIGC de DSP/Matchu (e seus Aliados) deve aceitar transformar-se directamente no Partido Democrata Guineense, porque é a Favor da Mudança tal como o actual Partido Democrata dos EUA.
Atendendo aos quatro requisitos – entre centenas de requisitos não mencionados – na Nova Constituição do Estado Federal Guineense, o Presidente da República «PR» não terá Poderes para nomear/exonerar o Primeiro-Ministro «PM» nem de dissolver o Parlamento (ANP) e nem o Parlamento poderá exonerar o PR, pelo contrário, este Poder de exonerar e dissolver estará ao cargo de um Novo Órgão que designei – na minha Dissertação do Mestrado, Tese de Doutoramento e no meu Livro, de “Áreas de Estudos – Órgão Consultivo Multidisciplinar Imparcial «AE-OCMI»”, por um lado. E para evitar os mesmos erros de sempre por parte dos Politiqueiros Guineenses, deve existir uma espécie de “Governo de Manutenção e Coordenação «GMC»”, formado/estruturado pela “Classe Média de Independentes Tecnocratas e Meritocratas Guineenses” para servir do “Pêndulo da Balança de Governação «PBG»” entre Republicanos Guineenses e Democratas Guineenses, por outro lado.
Com base neste raciocínio, o meu ponto de vista reside na criação de Dois Pilares Partidários[3] – Democratas e Republicanos – como a verdadeira etapa do presente e para o futuro de Tipologia do Sistema de Partido Político Bipartidário e Bipolar da Guiné-Bissau, só com os Dois Partidos Políticos que vão concorrer às Eleições Primárias, Legislativas e Presidenciais, alternando com um Terceiro Partido – Governo de Manutenção e Coordenação «GMC» – que vai funcionar como o Pêndulo da Balança de Governação «PBG» ou de Guardião dos Valores Democráticos «GVD». Sugiro que o GMC seja ocupado por uma equipa de Independentes Tecnocratas e Meritocratas, o que permitiria a manutenção de um grande número de pessoas, tendencialmente da Classe Média, e de Especialistas de diversas áreas em contacto com a Política, sem, contudo, tencionarem insuflar a Política e os Partidos Políticos que fazem parte do Arco da Governação do Poder «AGP» (Mendes, 2015: 487-490).
 Nesta linha de reflexão, uma crítica construtiva comum a todos os Estados Democráticos do mundo reside nas Práticas Democráticas dos órgãos do Aparelho do Poder do Estado de irem permanentemente a Eleições – Primárias, Legislativas, Presidenciais, Regionais e Locais – sem que exista um órgão preparado para gerir a situação até ao empossamento de novos responsáveis. É frequente ver comportamentos do género em todo o mundo, e, em particular, na Guiné-Bissau, onde PR, PM, ANP e Governo cessante, além de permanecerem nestes cargos, concorrem para as Eleições seguintes, recorrendo aos meios e serviços – viaturas e fundos – do Estado, dos quais deveriam abster-se. Com este GMC vai ser possível que os Dois Partidos Políticos – Democrata guineense e Republicano guineense – concorram em igualdade de circunstâncias, com base na imparcialidade e sob forte fiscalização do Aparelho de AE-OCMI (Mendes,2015: 491-492).
Nos EUA também existiam muitos Partidos Políticos (tal como acontece na Guiné-Bissau), no entanto, o Sistema Eleitoral, o Sistema Político de Governo e a Mentalidade Política Americana permitiram a focalização em Dois Pólos (Bipolarização) Partidários (Blake, 27-04-2016). Tal como aconteceu nos EUA, é possível combater a proliferação dos Partidos Políticos guineenses através destas propostas, bem como criar um Sistema Político de Governo onde o Poder será Equilibrado, permitindo ao país (e aos guineenses) encontrar a tão necessária Paz e Estabilidade Política (Mendes, 2015: 427-540).
Para animar os meus leitores, deixo-vos com algumas das minhas fotografias no Ghana, terra de Kwame N’Krumah, onde tive a oportunidade de fazer uma formação, de 22 a 30 de Setembro passado. Até ao próximo post!



[1] Esta analogia encaixa bem, na medida em que os Dissidentes do MADEM G-15 foram Derrotados no Congresso de Cacheu (o PAIGC ganhou as Eleições Legislativas/Presidenciais de 2014 com os elementos do MADEM-15, mas, estes elementos foram Expulsos do PAIGC, sem participarem na Convenção, na Universidade de Verão e no último Congresso do PAIGC em Bissau, DSP e seus aliados além de não cumprirem as decisões dos Tribunais e do Acordo de Conacri, não foram sancionados pela CEDEAO), tal como os Anti-Federalistas de Thomas Jefferson foram derrotados no Primeira Eleição a Favor dos Federalistas de John Adams.
[2] Estas Duas Facções deram origem, mais tarde ao Bipartidarismo ‘Bipolarizado’ Americano. Os Federalistas venceram e os EUA foram criados, com Duas Câmaras que garantiam a Representação dos Estados, sem eliminar as suas diferenças: a Câmara Baixa (dos Deputados/Representantes) seria proporcional à População dos Estados e a Câmara Alta (Senado) seria formada por Dois Membros de cada Estado, indicados pelos Deputados.
[3] Na minha Tese de Doutoramento (2014) e no meu Livro (2015), estes Pilares Partidários, que terão implantação a Nível Nacional, não podem ser comparados com os Dois Grandes Partidos Norte-Americanos que, pela sua história, não têm paralelo com quaisquer outros Partidos Políticos. A existência de muitos Partidos Políticos na Guiné-Bissau não põe em causa a existência dos Dois Pilares Partidários que proponho. Isto é, independentemente destes Dois Pilares Partidários, que têm o direito de concorrer às Eleições Primárias para a escolha dos seus candidatos nas Eleições Presidenciais, Legislativas, etc., os restantes Partidos Políticos guineenses poderão, em função dos seus Estatutos ou Ideologias, associar-se a um dos Dois Pilares ou investir numa acção mas focada a Nível Local ou Regional (Mendes, 2015: 487).