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terça-feira, 21 de abril de 2020

Agradecimento ao Dr. José Luís Hopffer Almada


Caros leitores das minhas páginas de Facebook e do meu Blog, cumprimento a todos com elevado respeito e considerações. Faço votos para que a ‘Pandemia de Coronavírus - Covid-19’ seja combatida com eficácia, para que humanidade se livre desta maldição. Aproveito o post de hoje para agradecer ao intelectual cabo-verdiano, Dr. José Luís Hopffer Almada do programa de Debate Africano na RDP África, pelo seu elogio ao meu livro no programa passado (na sexta feira e domingo da semana passada, 10 e 12-04-2020). Faço isso, na mesma lógica que tenho feito com todos os intervenientes do mesmo programa, quando falaram pela primeira vez do meu livro, com o Prof. Doutor Viriato Soromenho-Marques, solidariedade que estendo a várias individualidades, tais como – Dr. Fernando Casimiro «vulgo Didinho», Prof. Doutor Ricardino Teixeira, etc. – uma lista infindável de pessoas com várias referências académicas dos meus trabalhos científicos entre a Dissertação de Mestrado e o meu Livro (que é produto da minha Tese do Doutoramento).
            Quebrei o silêncio, mas depois remeto-me de novo ao silêncio! Há muitos anos que tenho acompanhado de perto o programa Debate Africano na RDP África. Independentemente de concordar ou não com alguns comentários, concentro a minha atenção em reter o essencial para enriquecer os meus conhecimentos. Ainda utilizo as mesmas técnicas, antes da minha partida e depois do meu regresso para Guiné-Bissau, com diferentes Rádios/Emissoras, Televisão, Jornais, Revistas, Blogs, Facebook, Conferências, diálogo com os Alunos, Pessoas, etc. Hoje em dia, mesmo com os limites impostos, esforço-me em escutar, ver, sentir e comunicar com a sociedade!
            Confesso que gostei de ouvir a recomendação da leitura do meu livro pela voz do Dr. José Luís Hopffer Almada, alguém com elevado respeito na comunicação social, na política, na academia e no continente africano. Mas, gostei ainda mais de ter ouvido a parte em que Dr. José Luís não concordava comigo «por eu ter responsabilizado o Engenheiro Dr. Amílcar Lopes Cabral, ‘pela boa parte’ dos males que assolam a Guiné-Bissau até hoje». Os mais novos aprendem com os mais velhos - o próprio Amílcar Cabral, além de ter dito “os que sabem, devem ensinar aos que não sabem”, incentivava “a crítica como força motora do desenvolvimento e de liberdade de pensamento”. São enriquecedoras as críticas construtivas feitas pelos comentadores do Debate Africano. Admito ter uma prenda para os [Neo]cabralistas no meu futuro projecto, num Capítulo intitulado ‘O Pensamento Político de Amílcar Cabral’ e Subtítulo ‘O Impacto do Seu Modelo de Governação’. Talvez nessa altura o ilustre Dr. José Luís venha a perceber que as minhas críticas construtivas estão a moldar os comportamentos de muitos [Neo]cabralistas.
            Eu abracei a corrente da crítica construtiva ao longo do meu percurso académico, mas admito que a par das críticas feitas, existem reconhecimentos plausíveis no meu livro referente a Amílcar Cabral. Um dos reconhecimentos, por exemplo, é o facto de eu ter considerado que Amílcar Cabral (A. Neto, E. Mondlane, etc.) deveria figurar na lista dos pais fundadores da Democracia Portuguesa (Mendes, 2015: 135, Nota Rodapé nº 27), apesar de Amílcar Cabral ser um crítico declarado da Democracia (Cabral, 1983: 111; Oramas, 1998:143; Mendes, 2015: 269, Nota Rodapé nº 100). Mas, o facto da sua acção ter contribuído para o nascimento da Democracia portuguesa (mais tarde para os PALOP e a CPLP) é algo que diz muita coisa. Amílcar Cabral valorizou e apelou à conservação da Língua Portuguesa quando disse que «o idioma português é uma das melhores coisas que os portugueses nos deixaram» (Palmeira, 2006: 169-170, Citado por Mendes, 2015: 267-268)[1].
            Para terminar este post, o Dr. José Luís Hopffer Almada fez bem em recomendar o meu livro como um dos manuais de leitura indispensável no período de Páscoa e num contexto político que exige a ‘mudança de paradigma de governação’ na Guiné-Bissau. Mas, ao complementar o seu ponto de discordância por «eu ter responsabilizado a Amílcar Cabral ‘pela boa parte’ dos males que assolam a Guiné-Bissau até hoje», acabou por lançar-me à fogueira para ser queimado vivo pelos seguidores de Cabral, que constituem a esmagadora maioria da população guineense e da sua classe política. Já fui alvo de perseguição por parte de muitos [Neo]cabralistas, por exemplo, no meu contexto de trabalho, com um episódio de expulsão da sala de videoconferência, ameaças de agressão física, e afirmações de que o meu Doutoramento vale zero na Guiné-Bissau (são provas destas que os guineenses precisam de conhecer antes de elogiarem certas pessoas que aparecem nas redes sociais como santos).
Caros leitores, leiam o meu livro e outros bons que por aí andam, e abram bem os vossos olhos.
Um grande abraço a todos, em especial, aos ouvintes do Debate Africano. Protejam-se.


[1] Esta afirmação de Amílcar Cabral é reciclada e actualizada pelo grande Cientista Político norte-americano Joseph Nye ao dizer que «Portugal deve usar o “soft power” (Poder suave) da sua língua e cultura para desenvolver relações com o Brasil e com os países africanos de língua oficial portuguesa (…) Portugal deverá beneficiar das ligações históricas e linguísticas» (Económico, 18-03-2012; Mendes, 2015: 268). Bem interpretada, Amílcar Cabral estava a considerar a Língua Portuguesa como riqueza inquestionável para o futuro relacionamento de Portugal com as suas antigas colónias etc.