Caros leitores das minhas
páginas de Facebook e do meu Blog, cumprimento a todos com elevado respeito e
considerações. Faço votos para que a ‘Pandemia de Coronavírus - Covid-19’ seja
combatida com eficácia, para que humanidade se livre desta maldição. Aproveito
o post de hoje para agradecer ao intelectual cabo-verdiano, Dr. José Luís
Hopffer Almada do programa de Debate Africano na RDP África, pelo seu elogio ao
meu livro no programa passado (na sexta feira e domingo da semana passada, 10 e
12-04-2020). Faço isso, na mesma lógica que tenho feito com todos os
intervenientes do mesmo programa, quando falaram pela primeira vez do meu livro,
com o Prof. Doutor Viriato Soromenho-Marques, solidariedade que estendo a várias individualidades,
tais como – Dr. Fernando Casimiro «vulgo Didinho», Prof. Doutor Ricardino
Teixeira, etc. – uma lista infindável de pessoas com várias referências
académicas dos meus trabalhos científicos entre a Dissertação de Mestrado e o
meu Livro (que é produto da minha Tese do Doutoramento).
Quebrei
o silêncio, mas depois remeto-me de novo ao silêncio! Há muitos anos que tenho
acompanhado de perto o programa Debate Africano na RDP África.
Independentemente de concordar ou não com alguns comentários, concentro a minha
atenção em reter o essencial para enriquecer os meus conhecimentos. Ainda
utilizo as mesmas técnicas, antes da minha partida e depois do meu regresso para
Guiné-Bissau, com diferentes Rádios/Emissoras, Televisão, Jornais, Revistas,
Blogs, Facebook, Conferências, diálogo com os Alunos, Pessoas, etc. Hoje em
dia, mesmo com os limites impostos, esforço-me em escutar, ver, sentir e
comunicar com a sociedade!
Confesso
que gostei de ouvir a recomendação da leitura do meu livro pela voz do Dr. José
Luís Hopffer Almada, alguém com elevado respeito na comunicação social, na
política, na academia e no continente africano. Mas, gostei ainda mais de ter
ouvido a parte em que Dr. José Luís não concordava comigo «por eu ter
responsabilizado o Engenheiro Dr. Amílcar Lopes Cabral, ‘pela boa parte’ dos males
que assolam a Guiné-Bissau até hoje». Os mais novos aprendem com os mais velhos
- o próprio Amílcar Cabral, além de ter dito “os que sabem, devem ensinar aos
que não sabem”, incentivava “a crítica como força motora do desenvolvimento e
de liberdade de pensamento”. São enriquecedoras as críticas construtivas feitas
pelos comentadores do Debate Africano. Admito ter uma prenda para os [Neo]cabralistas
no meu futuro projecto, num Capítulo intitulado ‘O Pensamento Político de
Amílcar Cabral’ e Subtítulo ‘O Impacto do Seu Modelo de Governação’. Talvez
nessa altura o ilustre Dr. José Luís venha a perceber que as minhas críticas construtivas
estão a moldar os comportamentos de muitos [Neo]cabralistas.
Eu
abracei a corrente da crítica construtiva ao longo do meu percurso académico,
mas admito que a par das críticas feitas, existem reconhecimentos plausíveis no
meu livro referente a Amílcar Cabral. Um dos reconhecimentos, por exemplo, é o
facto de eu ter considerado que Amílcar Cabral (A. Neto, E. Mondlane, etc.)
deveria figurar na lista dos pais fundadores da Democracia Portuguesa (Mendes,
2015: 135, Nota Rodapé nº 27), apesar de Amílcar Cabral ser um crítico
declarado da Democracia (Cabral, 1983: 111; Oramas, 1998:143; Mendes, 2015:
269, Nota Rodapé nº 100). Mas, o facto da sua acção ter contribuído para o
nascimento da Democracia portuguesa (mais tarde para os PALOP e a CPLP) é algo
que diz muita coisa. Amílcar Cabral valorizou e apelou à conservação da Língua
Portuguesa quando disse que «o idioma
português é uma das melhores coisas que os portugueses nos deixaram»
(Palmeira, 2006: 169-170, Citado por Mendes, 2015: 267-268)[1].
Para
terminar este post, o Dr. José Luís Hopffer Almada fez bem em recomendar o meu
livro como um dos manuais de leitura indispensável no período de Páscoa e num
contexto político que exige a ‘mudança de paradigma de governação’ na
Guiné-Bissau. Mas, ao complementar o seu ponto de discordância por «eu ter
responsabilizado a Amílcar Cabral ‘pela boa parte’ dos males que assolam a
Guiné-Bissau até hoje», acabou por lançar-me à fogueira para ser queimado vivo
pelos seguidores de Cabral, que constituem a esmagadora maioria da população
guineense e da sua classe política. Já fui alvo de perseguição por parte de
muitos [Neo]cabralistas, por exemplo, no meu contexto de trabalho, com um
episódio de expulsão da sala de videoconferência, ameaças de agressão física, e
afirmações de que o meu Doutoramento vale zero na Guiné-Bissau (são provas
destas que os guineenses precisam de conhecer antes de elogiarem certas pessoas
que aparecem nas redes sociais como santos).
Caros leitores, leiam o meu livro e outros
bons que por aí andam, e abram bem os vossos olhos.
Um grande abraço a todos,
em especial, aos ouvintes do Debate Africano. Protejam-se.
[1] Esta afirmação de Amílcar Cabral é
reciclada e actualizada pelo grande Cientista Político norte-americano Joseph
Nye ao dizer que «Portugal deve usar o
“soft power” (Poder suave) da sua língua e cultura para desenvolver relações
com o Brasil e com os países africanos de língua oficial portuguesa (…)
Portugal deverá beneficiar das ligações históricas e linguísticas»
(Económico, 18-03-2012; Mendes, 2015: 268). Bem interpretada, Amílcar Cabral
estava a considerar a Língua Portuguesa como riqueza inquestionável para o
futuro relacionamento de Portugal com as suas antigas colónias etc.
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