Em relação às forças de defesa
e segurança na Guiné-Bissau, os governantes devem perceber que a sua
modernização deve começar pela criação de condições para os militares,
nomeadamente, a requalificação e construção de novos quartéis. Ou seja, os
políticos e governantes guineenses devem lembrar-se que os militares usam ainda
as antigas instalações herdadas do colonialismo português que estão completamente
desactualizadas e são inadequadas. Nenhuma destas instalações se encontra
equipada convenientemente, o que exige a criação de condições necessárias para que
os militares e trabalhadores na área de defesa e segurança possam viver como
cidadãos normais, disponham de meios necessários para assegurarem as suas
famílias, e gozem dos seus tempos de lazer, etc. Uma das soluções possíveis
seria a reformulação do significado que atribuo, por exemplo, às Forças
Armadas Revolucionárias do Povo «FARP» (Forças Armadas da Guiné-Bissau «FAGB»), ou seja, compreender que ser militar
significa muito mais que ser apenas um homem de uniforme, de arma, quartel e
cumprir ordens para a intervenção quando houver conflitos ou outros problemas
do género. Dentro das FARP/FAGB de um país, é preciso ter diferentes áreas de
formação, nomeadamente politicólogos, sociólogos, psicólogos, engenheiros,
matemáticos, juristas, historiadores, carpinteiros, etc., para que a sociedade
castrense (militar) funcione de forma eficaz e auto-suficiente. As FARP/FAGB devem
ser independentes dos partidos políticos, o seu estatuto e as suas funções
devem ser muito claros para que não possam existir conflitos de Poder devido a
posições mal esclarecidas. O Estado deve investir na formação qualitativa dos
militares, visto que quanto mais formações tiverem, mais esclarecidos serão, e
quanto mais moderados se tornarem, o povo e o Estado sentirão mais segurança,
estabilidade e liberdade (Mendes, 2010: 88-89).
Com estes pressupostos,
chamo a atenção para o facto de o novo paradigma de governação na
Guiné-Bissau poder criar as condições necessárias para os governantes e
governados guineenses pensarem a vida do Estado num plano a longo prazo, em que
as novas gerações não serão prejudicadas devido aos interesses imediatos de
alguns governantes. Mas, estas percepções e reflexões não se resumem só aos
militares guineenses, reflectem-se também nas outras áreas [da Função Pública]
que fazem parte da estrutura do Aparelho do Poder do Estado. É urgente que os
governantes reduzam os seus luxos para prestarem atenção às outras áreas.
Para mais informações,
consultar o meu livro: Mendes, Livonildo Francisco (2015). Modelo Político
Unificador – Novo Paradigma de Governação na Guiné-Bissau (pp. 544-545).
Lisboa: Chiado Editora.
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