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domingo, 13 de dezembro de 2015

Uma das contradições entre o sector político e o sector militar guineense: derrubaram as estátuas mas mantêm os quartéis e em mau estado…os militares precisam de melhores condições


Em relação às forças de defesa e segurança na Guiné-Bissau, os governantes devem perceber que a sua modernização deve começar pela criação de condições para os militares, nomeadamente, a requalificação e construção de novos quartéis. Ou seja, os políticos e governantes guineenses devem lembrar-se que os militares usam ainda as antigas instalações herdadas do colonialismo português que estão completamente desactualizadas e são inadequadas. Nenhuma destas instalações se encontra equipada convenientemente, o que exige a criação de condições necessárias para que os militares e trabalhadores na área de defesa e segurança possam viver como cidadãos normais, disponham de meios necessários para assegurarem as suas famílias, e gozem dos seus tempos de lazer, etc. Uma das soluções possíveis seria a reformulação do significado que atribuo, por exemplo, às Forças Armadas Revolucionárias do Povo «FARP» (Forças Armadas da Guiné-Bissau «FAGB»), ou seja, compreender que ser militar significa muito mais que ser apenas um homem de uniforme, de arma, quartel e cumprir ordens para a intervenção quando houver conflitos ou outros problemas do género. Dentro das FARP/FAGB de um país, é preciso ter diferentes áreas de formação, nomeadamente politicólogos, sociólogos, psicólogos, engenheiros, matemáticos, juristas, historiadores, carpinteiros, etc., para que a sociedade castrense (militar) funcione de forma eficaz e auto-suficiente. As FARP/FAGB devem ser independentes dos partidos políticos, o seu estatuto e as suas funções devem ser muito claros para que não possam existir conflitos de Poder devido a posições mal esclarecidas. O Estado deve investir na formação qualitativa dos militares, visto que quanto mais formações tiverem, mais esclarecidos serão, e quanto mais moderados se tornarem, o povo e o Estado sentirão mais segurança, estabilidade e liberdade (Mendes, 2010: 88-89). 
Com estes pressupostos, chamo a atenção para o facto de o novo paradigma de governação na Guiné-Bissau poder criar as condições necessárias para os governantes e governados guineenses pensarem a vida do Estado num plano a longo prazo, em que as novas gerações não serão prejudicadas devido aos interesses imediatos de alguns governantes. Mas, estas percepções e reflexões não se resumem só aos militares guineenses, reflectem-se também nas outras áreas [da Função Pública] que fazem parte da estrutura do Aparelho do Poder do Estado. É urgente que os governantes reduzam os seus luxos para prestarem atenção às outras áreas.


Para mais informações, consultar o meu livro: Mendes, Livonildo Francisco (2015). Modelo Político Unificador – Novo Paradigma de Governação na Guiné-Bissau (pp. 544-545). Lisboa: Chiado Editora.

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