Na maioria dos posts, existem hiperligações, de cor azul escuro, nas quais basta clicar para ter acesso às notícias, outros posts etc.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Mudança na continuidade da instabilidade governativa na Guiné-Bissau

Em 1968, Marcelo Caetano frustrou todas as esperanças depositadas no seu papel de possível líder reformista, uma vez que estava cercado pelo núcleo duro do regime, cuja filosofia era a prossecução da política de Salazar em relação a África. Isto tornou-se visível no seu discurso de mudança na continuidade (Público, 27-04-2014).
Este post sugere que os dirigentes/governantes/líderes guineenses que têm exercido o Poder político foram ou estão a ser usados e arrastam boa parte dos cidadãos para uma situação que aumenta a dispersão, dificultando a coesão social na Guiné-Bissau. Ou seja, comprometem-se com diversas forças obscuras/clandestinas, que os obrigam a tomar posição, obrigando os que estão a seu favor a fazer o mesmo. É por este motivo que aconselho os guineenses e amigos da Guiné-Bissau a acreditarem no que diz o Princípio da Objectividade da Ciência Política (Fernandes, 2010: 57), segundo o qual as coisas não são na realidade tal como nos aparecem, por isso se diz que "por dentro das coisas é que as coisas são".
Nesta ordem de ideias, a categorização de governantes guineenses torna-se mais realista se conjugarmos dois itens: uma afirmação de Maquiavel e a revelação que o Rei Hrothgar fez ao seu sucessor Beowulf. Por um lado, Maquiavel afirma que: «[…] Aquele que chega ao Principado com a ajuda dos Grandes mantém-se com mais dificuldade do que aquele que o atinge com a ajuda do Povo. Isto porque, uma vez Príncipe [governante/líder], se encontra no primeiro caso cercado de muitos que se julgam seus iguais, e a quem, por isso, não pode nem comandar, nem manejar a seu talento. Mas, no segundo caso, encontra-se sozinho no Poder, e tem em seu torno ou nenhum ou pouquíssimos que não estejam dispostos a obedecer-lhe. Além disso, não se pode satisfazer os Grandes sem injúria de outrem, e ao Povo sim; porque o objectivo do Povo é mais honesto que o dos Grandes, desde que o destes é oprimir e do Povo é não ser oprimido. Junta-se, ainda, que, contra o Povo que lhe seja inimigo, não tem o Príncipe a defesa, por ser ele composto de muitos; e que, contra os Grandes, se pode garantir por serem poucos […]» (Maquiavel, 2007: 49-52; Mendes, 2010: 31).
Por outro lado, estas afirmações de Maquiavel podem ser articuladas com esta confrontação de Hrothgar para Beowulf ao revelar-lhe que «…as pessoas pensam que, para ser Rei [governante/líder], só é preciso uma coroa de ouro e basta. Pensam que, lá porque eu a uso, sou mais sábio que elas. Mais corajoso e melhor (…). Um dia, irás compreender o preço… que é preciso pagar pelos favores dela, e pelo trono também. Haverás de saber o que é sentirmo-nos um fantoche, a baloiçar dos fios que nos manipulam...» (Kiernam, 2007: 153-156, 183-190).
Destes ensinamentos clássicos, os governantes/líderes políticos guineenses deveriam aprender a lição de conquistar o Poder de forma legítima/democrática – «obter o trono por meios honestos», conquistando a sua legitimidade de forma lícita, e não através de pactos entre o Poder político e outros meios “obscuros” de atingir o Poder, como tem acontecido na Guiné-Bissau. Porque na política, «quem aceita utilizar como meios o Poder e a violência, selou um pacto com o diabo» (Weber, 2005: 109-110).
Esta leitura pode ainda enquadrar-se no que Cícero descreve como uma das sequelas da existência da lei natural: «[…] as pessoas boas e prudentes respeitam os seus imperativos e proibições, ao passo que as pessoas más são indiferentes quer a uns quer a outros […] aqueles que lhe desobedecem estão a fugir de si mesmos e a negar a sua própria humanidade. Mesmo que consigam escapar ao julgamento humano pelo seu mau comportamento, hão-de pagar no fim um preço terrível […]». Bem analisado este excerto, está explicado o preço dos sucessivos crimes e mentiras praticados pelos governantes guineenses, que podemos categorizar metaforicamente de autênticos “Beowulfes” (Cícero, 2013: 20-21).

Para mais informações, consultar o meu livro: Mendes, Livonildo Francisco (2015). Modelo Político Unificador – Novo Paradigma de Governação na Guiné-Bissau (pp. 86, 160, 186-187). Lisboa: Chiado Editora.



NOTA: Para melhor compreender a história de Beowulf, consultar o post «"Beowulfização" Política +Perpetuação no Poder = Touradas Político-Militares» do dia 3 de Novembro de 2015.

Se uma imagem vale mais que mil palavras...quem é que governa realmente a Guiné-Bissau?










Sem comentários:

Enviar um comentário