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sexta-feira, 15 de abril de 2016

Semelhanças e diferenças entre o Governo de Ulisses Correia e Silva e o meu Modelo Político de Governação

Estimados leitores, como prometido, apresento hoje alguns detalhes do meu Modelo, a propósito da apresentação do novo elenco governativo de Cabo Verde. O Primeiro-Ministro «PM» indigitado, Ulisses Correia e Silva, coordena um executivo com mais 11 ministros, ou seja, 12 elementos no total (Expresso das Ilhas, 08-04-2016). Aproveito esta ocasião para desvendar mais um pouco sobre as propostas incluídas no meu Modelo Político Unificador «MPU». Poderá fazer sentido uma leitura do post que publiquei no passado dia 23 de Janeiro (especialmente o terceiro facto apontado).


No meu Modelo Político de Governação, os ministérios devem corresponder e articular-se com as Áreas de Especialistas que compõem o órgão consultivo das Áreas de Estudos – Órgão Consultivo Multidisciplinar Imparcial «AE-OCMI», tal como eu já referi de forma muito superficial num post anterior. No primeiro bloco do MPU, o governo guineense passará a funcionar com 8 ministérios, na expectativa de terem no máximo 10 secretarias de Estado que serão subdivididas em outras categorias administrativas. Estas áreas devem ser discutidas e definidas em debate pela equipa multidisciplinar em conjunto com o Governopartidos políticossociedade civil, etc. Um dos objectivos do novo paradigma é que este órgão de AE-OCMI seja supervisor e intermediário entre governantes e governados, para garantir uma maior transparência no cumprimento do Tratado Político de Governação «TPG», no sentido de exigir aos governantes que exerçam as suas funções de acordo com as suas competências, sem terem outros conselheiros ou assessores para além do referido órgão consultor/consultivo. Este figurino só vai funcionar durante a vigência do primeiro bloco do MPU, porque no segundo e terceiro bloco faremos uma “lipoaspiração governamental”, para ficarmos só com um dos órgãos – ou os ministérios ou as secretarias (entre 8 e 10). De preferência, ficaremos com aqueles que apresentem menores custos e maior viabilidade para a estabilidade política da Guiné-Bissau.
figurino de Ulisses Correia e Silva enquadra-se portanto entre o segundo e terceiro bloco do MPU, em que o Estado tem de optar por um elenco governativo constituído por ministérios ou por secretarias (escolhendo apenas uma das modalidades) – neste caso, optou pelos ministérios.

Como já referi, a filosofia do órgão AE-OCMI implica uma maior poupança do Estado, por exemplo, através da extinção das figuras de conselheiro de Estado, assessor, porta-voz (do Governo, da Presidência, dos assuntos parlamentares, etc.), entre ouros. Uma maior poupança significa, necessariamente, uma diminuição da dependência do país face à ajuda externa, tornando-se um Estado soberano mais forteflexível e capaz de responder às necessidades básicas do povo guineense e de enfrentar os actuais desafios.

Uma chamada de atenção é fundamental: a adopção deste figurino por Ulisses Correia e Silva, sem a criação de um órgão do tipo AE-OCMI pode levar a uma grande pressão como aconteceu em Portugal com o primeiro Governo do ex-PM Passos Coelho, onde a “lipoaspiração governamental” acabou por transformar-se numa “obesidade mórbida[1].

Neste sentido, considero que não deve haver nenhuma precipitação na implementação destas reformas/modernizações, sob pena de provocar um ‘parto prematuro’ na sua implementação, sem que se cumpram os passos traçados e desejados. Até porque, como vimos, as mudanças do elenco governativo são apenas uma parte muito pequena do MPU, que é muito mais completo e complexo, e abrange muitas outras áreas.

Resta-me deixar os votos de sucesso para Ulisses Correia e Silva e para o seu Governo, aconselhando-o a estudar muito bem o meu livro. A sua atitude crítica face ao afastamento de Cabo Verde em relação ao continente africano já evidenciava uma nota de esperança para o futuro[2]. Agora veremos se existe ou não coerência entre a mudança mentalidade, a mudança do discurso e a mudança da prática e se as altas expectativas criadas se concretizarão ou não.

Para mais informações, consultar o meu livro: Mendes, Livonildo Francisco (2015). Modelo Político Unificador - Novo Paradigma de Governação na Guiné-Bissau (263, 434, 462-463, 550). Lisboa: Chiado Editora.

[1] Uma das filosofias do MPU exige “emagrecer” o Governo, a Assembleia e outros órgãos superiores do corpo do Estado, para torná-lo mais flexível e para criar mais postos de trabalho, garantindo um emprego para cada cidadão a viver na Guiné-Bissau (Mendes, 2010: 90-94). Em Portugal, pela primeira vez, o Governo de Passos Coelho tentou pôr em prática esta filosofia política, mas acabou por “naufragar” ao proceder a várias remodelações governamentais, aumentando o número de ministérios e secretarias de Estado (Económico, 30-12-2013).
[2] O líder do Movimento para a Democracia «MpD» Ulisses Correia e Silva acertou em cheio com “um murro no estômago” no Governo do PAICV, quando veio confirmar que a candidatura da Ministra das Finanças - Cristina Duarte - de Cabo Verde ao BAD foi chumbada porque Cabo Verde se distanciou dos outros países africanos (A Bola África, 02-06-2015).

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