Caros
leitores, o tema que me traz hoje prende-se com alguns comentários menos positivos que tenho recebido relativamente aos
meus posts, que me obrigam a prestar um
esclarecimento. Tenho vindo a partilhar
os meus posts no facebook - nas
minhas páginas e também em muitos grupos
de guineenses e amigos da Guiné-Bissau. Por vezes, estes posts originam comentários que me levam a crer que o
facebook é um campo minado, cheio de
pessoas desejosas por dar a sua opinião, nem
sempre da forma mais educada e
cordial. Aproveito também a oportunidade para voltar a falar de Miguel Trovoada e das suas recentes declarações.
Por exemplo, sobre o post “Sobre exonerações e nomeações na Guiné-Bissau” (23-11-2015), uma pessoa acusou-me de ser defensor de José Mário Vaz «Jomav». Mais recentemente, sobre o post "O prometido "churrasco" dos políticos guineenses: análise dos acontecimentos recentes na Guiné-Bissau" (17-05-2016), fui acusado de falta de coerência. Mas são apenas dois
exemplos no meio de muitos.
Sobre a questão da
coerência, não tenho conhecimento de
qualquer outro autor guineense que tenha
desenvolvido este tema como eu, desde 2010 até hoje (com a minha
dissertação de mestrado, tese de doutoramento e livro). E mais,
chamo a atenção: o facto de eu ter criticado José Maria Neves, Joaquim Chissano,
Miguel Trovoada, Patrice Trovoada e Murade Murargy pelos seus comentários sobre a
Guiné-Bissau não significa que tenho de criticar todos os não guineenses que emitem uma opinião sobre a
Guiné-Bissau. Critico aquilo que acho
que deve ser criticado e elogio o que acho
que deve ser elogiado, independentemente da posição, partido político, nacionalidade, sexo, cor da pele ou etnia.
Aliás, importa assinalar que, já de regresso a S. Tomé e Príncipe, Miguel Trovoada reconheceu a minha proposta da necessidade de fazer cedências e de procurar a reconciliação dentro do PAIGC, com os restantes partidos e também com os 15 Deputados expulsos/retornados (RTP África, 19-05-2016). A declaração de Miguel Trovoada é, por um lado, um balde de água fria para Domingos Simões Pereira «DSP», por já nem sequer equacionar a possibilidade de realização de eleições (nem legislativas nem presidenciais). Por outro lado, revela que ainda há sinais do pacto entre eles (Trovoada e DSP), pelo persistente apoio ao tão elogiado Governo de inclusão de DSP. Será que Miguel Trovoada está a sacudir a água do capote, tentando livrar-se das críticas de que foi alvo, e aproveitando a distância para lançar farpas a DSP? Tanto a entrevista de Miguel Trovoada, como as declarações de Murade Murargy e a atitude de Cipriano Cassamá mostram que DSP não estava rodeado de verdadeiros amigos - e, neste momento, já nenhum deles defende a hipótese de eleições antecipadas. Assim, DSP acabou por ver-se abandonado, tornando-se uma presa fácil de "apanhar com a mão".
Enquanto Politicólogo e Sociólogo africano/guineense,
o que escrevo baseia-se na análise
cuidadosa e crítica dos fenómenos
políticos. Apesar do respeito que tenho por todos eles, eu
não apoio nem o PAIGC, nem Jomav, nem
DSP nem nenhum dos outros partidos e
agentes políticos. Não tenho partido
nem sou apoiante de ninguém. Comento os acontecimentos com base numa lógica de imparcialidade, rigor e humildade científica, aplicando os meus conhecimentos da matéria.
Compreendo que a maioria das pessoas
que comenta não tem esta postura,
pois vêem comprometidos desde tenra
idade e acabam por não Poder exprimir-se
livremente. Não é o meu caso. Critico DSP, o PAIGC, o PRS, tal como já critiquei
Jomav (fui das primeiras pessoas a criticá-lo depois da sua tomada de posse,
tanto na minha tese de doutoramento em 2014, como no meu livro) e muitos outros. Eu sei que há pessoas que
pensam que devemos apoiar alguém só porque somos da mesma etnia, por
exemplo, mas eu discordo completamente disso.
Aliás, importa assinalar que, já de regresso a S. Tomé e Príncipe, Miguel Trovoada reconheceu a minha proposta da necessidade de fazer cedências e de procurar a reconciliação dentro do PAIGC, com os restantes partidos e também com os 15 Deputados expulsos/retornados (RTP África, 19-05-2016). A declaração de Miguel Trovoada é, por um lado, um balde de água fria para Domingos Simões Pereira «DSP», por já nem sequer equacionar a possibilidade de realização de eleições (nem legislativas nem presidenciais). Por outro lado, revela que ainda há sinais do pacto entre eles (Trovoada e DSP), pelo persistente apoio ao tão elogiado Governo de inclusão de DSP. Será que Miguel Trovoada está a sacudir a água do capote, tentando livrar-se das críticas de que foi alvo, e aproveitando a distância para lançar farpas a DSP? Tanto a entrevista de Miguel Trovoada, como as declarações de Murade Murargy e a atitude de Cipriano Cassamá mostram que DSP não estava rodeado de verdadeiros amigos - e, neste momento, já nenhum deles defende a hipótese de eleições antecipadas. Assim, DSP acabou por ver-se abandonado, tornando-se uma presa fácil de "apanhar com a mão".
Como já disse anteriormente, temas sérios não podem ser
abordados com um cocktail gratuito de insultos de pessoas que usam o nome de Amílcar Cabral e do PAIGC para garantirem a sua sobrevivência.
Embora eu tenha estudado em Portugal, não faço parte daqueles
africanos/guineenses que passam toda a sua vida nas Universidades estrangeiras
(europeias) – «licenciatura, mestrado, doutoramento, etc.», – sem terem estudado
a realidade do seu
continente/país. O insulto, a inveja, a incompetência e a violência não podem nunca ser confundidos
com mérito. Não sou
neo-cabralista e nem tão pouco o
meu sucesso depende do
cabralismo ou do PAIGC. Isto não
quer dizer que sou contra Cabral ou contra o PAIGC – significa que defendo uma posição construtiva e
imparcial, livre de “rabos-de-palha” (ou seja, cunhas, filiações
partidárias, favores, etc.). Prova disso é que fiz o meu Mestrado e Doutoramento sem qualquer apoio e ainda trabalho num computador portátil de 2004/2005!
Percebo que há uma divisão enorme, e que a maioria
dos guineenses apoia ou DSP ou Jomav
(falando genericamente), mas é difícil perceber de que lado está a razão. Não sei qual é a solução para esta
crise, mas apresentei as minhas
propostas de acordo com o modelo político de governação em vigor. Como aqueles que leram o meu
livro saberão, eu defendo um modelo
completamente diferente dos modelos existentes até hoje e não escrevo para
agradar a este ou àquele.
Não me arrependo das coisas que escrevo,
mas estou sempre aberto a todos os
comentários e sugestões, até porque, muitas vezes, as críticas ou questões são muito mais úteis do que os elogios.
Por isso, quero deixar um aviso a todos os leitores: se estão contentes comigo
porque, aparentemente, “apoiei o vosso lado”, desenganem-se! Mais tarde ou mais cedo vão perceber que eu ataco todos os flancos e não gosto de
ter amigos que só concordam comigo porque escrevo aquilo que vai ao encontro
das suas expectativas. Mas fiquem descansados, porque ainda tenho alguns amigos de confiança!
Termino
invocando quatro figuras que têm inspirado o meu trabalho e a minha vida, e que
servem de modelos para mim: Mahatma Gandhi, Martin Luther King, Cheikh
Anta Diop e Nelson Mandela. São modelos que,
sendo sujeitos a críticas, servem como orientação – neste sentido, se alguém tiver de
conotar-me como
“seguidor, defensor ou porta-voz” de alguém, por favor, tenha isto em conta.
Para mim, as pessoas de grande valor devem cumprir dois critérios: em primeiro lugar,
não podem estar associadas à violência ou derramamento de sangue; em
segundo lugar, devem ser coerentes nas suas palavras, nas suas acções e nos seus pensamentos. São estas pessoas, a meu ver, que merecem ser
seguidas, defendidas e recordadas.
Recomendo a leitura do meu livro, especialmente as
páginas da página 211 (nota 74), 534 (nota 180), 478, 548 e 551: Mendes, Livonildo Francisco (2015). Modelo Político Unificador - Novo Paradigma de Governação na Guiné-Bissau. Lisboa: Chiado Editora.
Partilho esta personalidade contigo. Espero que continue sempre assim.
ResponderEliminarGrande abraço
Raul
Caro Raul, obrigado pelo apoio e compreensão. A tua solidariedade é indispensável.
EliminarUm grande abraço