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sábado, 11 de agosto de 2018

Ponto de Situação da Minha Estada na Guiné-Bissau


Magníficos leitores, sejam bem-vindos. Estou na Guiné-Bissau há dois anos. Este será o primeiro dos quatro posts do meu blogue que irei facultar-vos durante este mês de Agosto de 2018. Isto é, se Deus me permitir!
No post de hoje, primeiro, falar-vos-ei da minha estada na Guiné-Bissau e de alguns mal-entendidos em relação aos meus comentários e análises neste blogue; segundo, numa nota mais descontraída, volto a recordar e partilhar algumas brincadeiras de infância com siglas/abreviaturas e seus possíveis significados irónicos, como SAGRES, DONALD TRUMP, UMM, HUMMER, GMC, PAIGC, MADEM G-15, PAMPA, etc. Espero que dê para matarmos as saudades que resultam destes dois anos de paragem.
Antes de mais, gostaria de agradecer e prestar grande homenagem à minha falecida irmã – Sónia Francisco Mendes –, Professora e alguém de carácter exemplar, que durante a minha ausência do país, fez o meu papel como Pai e como a Mãe dos meus dois filhos, que são frutos da minha anterior relação. Ou seja, aceitou de educar os meus filhos durante muitos anos. E em todos os anos – 2005/2006, 2010/2011, 2013, 2016 e 2017 – quando eu vinha à Guiné-Bissau, hospedava em casa dela, apesar do trabalho difícil e do salário miserável dos Professores, conseguia suportar as despesas da Casa. Depois da perda da nossa Mãe em 2008 & do nosso Pai em 2012, sendo a 3ª filha, seguida de mim, o 2º filho, a Sónia era para nós – os seis irmãos da mesma Mãe – a nossa própria Mãe.
Em relação à minha estada na Guiné-Bissau, há duas fases. A primeira fase começou com a minha chegada à Bissau no dia 19 de Agosto de 2016. Na ausência da minha falecida irmã, fui viver a casa de um amigo – na Ponta Rocha/Safim –, alguém que eu considero um irmão e de quem o meu filho herdou o seu nome. Em Novembro, quando a minha irmã regressou do Senegal, passei a viver em casa dela em Bôr – Bairro de Camará Cunda. Fiquei em Bôr até 14 de Abril de 2017, altura em que voltei para Portugal para tentar cumprir os prazos da Universidade do Minho relativos ao meu Pós-Doutoramento.
A 19 de Agosto de 2016, pensava ter chegado à Guiné-Bissau com sorte, visto que, dois dias depois [21 de Agosto de 2016], alguém com um cargo importante, num dos órgãos de Soberania, passou em casa, almoçamos, trocamos copos e por último disse-me que precisava de trabalhar comigo como Conselheiro ou Assessor Técnico. Eu disse-lhe que não havia problema, mas eu tinha de formular, oficialmente, uma carta para dar entrada com o seu conhecimento e com o conhecimento de outra pessoa importante da mesma instituição. Disseram-me que a Carta foi despachada favoravelmente, mas que, por falta de Orçamento, uma vez que um Doutor deve receber cerca de 3.000.000 fcfa, teria de esperar. Se não fosse por via deste convite, nunca teria depositado esta Carta de candidatura!
Entre os meses de Agosto e Setembro, depositei mais de duas dezenas de Cartas nas diferentes Instituições/Repartições Públicas e Privadas do País. Só tive resposta favorável da Universidade Lusófona da Guiné «ULG» e da Universidade Jean-Piaget «UJP». Tinha duas turmas em cada uma das Universidades, onde leccionava as cadeiras de Introdução à Ciência Política durante o Primeiro Semestre. Em todas as Instituições/Repartições desculpavam-se com a falta do Orçamento Geral do Estado «OGE». Noutro órgão de Soberania, também nunca teria depositado a carta de pedido de emprego, se não fossem por convite e insistência de alguns colegas habilitados. Neste órgão de Soberania, dei entrada dos documentos no dia 19 de Setembro de 2016. Logo no dia 21 de Setembro alguém despachou a carta negativamente sem conhecimento do seu superior hierárquico (segundo um dos funcionários de Segurança mais próximo do Chefe) com falsos fundamentos, porque depois disso houve muitas nomeações. Mas no mesmo órgão, repescaram-me de maneira diferente para um Gabinete Auxiliar, com as mesmas insistências de colegas de confiança. A mulher que falou comigo, encontrava-se comigo em casa de um amigo meu num dos bairros de Bissau. O meu trabalho de dois meses nesse Gabinete coincidiu com um grande evento em 2017. Gostei do trabalho, mas por incoerência da palavra dada pela mulher, optei por despedir-me o trabalho, recusei categoricamente o salário do segundo mês, mantendo a minha dignidade intacta e as minhas amizades. Assim, decidi partir para Portugal no dia 14 de Abril de 2017.
Em relação à segunda fase da minha estada na Guiné-Bissau, começou com a minha chegada à Bissau no dia 6 de Outubro de 2017. Fui contactado para vir trabalhar para um cargo para o qual me tinha candidatado. A minha esposa e a minha falecida irmã incentivaram-me a voltar o mais depressa possível, sob pena de perder o mesmo emprego devido à pressão do próprio serviço. Infelizmente, mais uma vez, as coisas não correram como esperava. Desde essa altura, e até hoje, estou sem contrato, com vários salários em atraso e com as minhas expectativas frustradas. No local onde trabalho (e onde ainda estou à espera da nomeação e do contrato), sou o único que não tem outro emprego para acumular dois salários completos.
No dia 16 de Junho de 2018 a minha querida irmã faleceu e no dia 1 de Julho acabei por mudar para uma casa arrendada, com muita dificuldade.
Após todo este tempo, as únicas organizações que se mantiveram fiéis e com quem mantenho o meu vínculo seguro são a UJP e a ULG, onde voltei a leccionar no meu regresso. Embora o salário não seja compatível com as minhas habilitações, e não seja o suficiente, com apenas duas turmas em cada lado, para assegurar a minha estada, acaba por ser uma grande ajuda. A grande desvantagem é que, durante as férias escolares, acabamos por ficar quase três meses sem nenhum salário.
Todos estes factores explicam a minha ausência deste blogue, que resulta, em grande medida, da situação precária em que me encontro. Penso que este pequeno relato da minha história ajuda a compreender melhor a situação actual da Guiné-Bissau, onde muitas pessoas, tanto com poucas como com muitas habilitações, passam por grandes dificuldades. No caso de ser uma pessoa que não aceita de alinhar-se com os Partidos Políticos no Poder (como é o meu caso), é quase garantido que ninguém aceita dar-lhe trabalho. Como já disse antes, não sou do PAIGC (nem de nenhum outro Partido), nem sou Cabralista, e quero conseguir sucesso graças ao meu trabalho e à minha competência. Se outros preferem enveredar por esse caminho, essa é a sua escolha, não a minha, por enquanto.
Aproveito este primeiro post depois da longa pausa para esclarecer alguns leitores que dizem que eu não conheço bem a política e a realidade guineense. Do meu ponto de vista, essas pessoas estão totalmente enganadas ou são arrogantes, porque aquilo que coloco (ou colocava) no blogue não ultrapassa uns 5% daquilo que eu sei e investigo sobre a política da Guiné-Bissau. São apenas pequenas sínteses ou comentários que faço para levantar debate. Mesmo assim, todos os meus textos assentam no rigor científico e na pesquisa de informação o mais fidedigna possível. Aconselho a estes leitores que não sejam precipitados: leiam com atenção os meus textos, não só no blogue, mas também no meu livro e na minha dissertação, e pensem pela sua própria cabeça, sem serem meros caprichos de marionetas do Sistema.
Ilustres leitores, continuarei a fazer os meus contactos para tentar melhorar a minha situação e, quem sabe, ocupar uma posição mais favorável. Sempre que possível, manterei o meu público informado. No próximo post irei falar sobre a Construção do Mito; no terceiro post, falarei da via mais segura para Igualdade de Género e a Lei das Cotas. No quarto post, farei uma ponte entre as Crises do PAIGC e a Crise Política Norte-Americana que resultou da Bipolarização e Bipartidarização do Sistema Político dos Estados Unidos da América.
Termino com uma nota mais positiva e humorística, deixando-vos, mais uma vez, com uma lista de siglas e o seu possível significado:
SAGRES – Só Agora Galvão Resolveu Enganar Salazar
UMM – Uma Merd** Maior
HUMMER – Há Uma Melhor Maneira de Estragar uma República
GMC(2) – Governo Manda Circular Governantes Mais Corruptos
PAIGC – Particularizar Africanos/Agentes Islamizados dos Grupos Cristãos/Católicos
MADEM G-15 – Massacrar a Ala Dominguista de Entrave a Muçulmanos do Grupo dos 15
MADEM – Manter Aliança de Desafiar/Derrotar a Estratégia de Matchú
PAMPA (em crioulo) – Papé di Amílcar Murri Pabia di Amanhã
DONALD – Dirigente Ortodoxo Nacionalista Antagónico à Liberdade Democrática
TRUMP – Terminar Radicalmente e Unilateralmente com Muçulmanos/Migrantes Pacíficos

NOTA FINAL: obrigado aos inúmeros leitores que passaram por este blogue ao longo do seu funcionamento e deixaram, não só a sua visita, mas também, o seu comentário. O post mais popular deste blogue é “Origem da língua crioula falada na Guiné-Bissau e em Cabo Verde”. Ainda terei oportunidade, no futuro de trazer mais informações sobre Cabo Verde e sobre a sua relação com a Guiné-Bissau e Portugal. Deixo um “cheirinho”: visto que Cabo Verde era, antes do fenómeno dos “Descobrimentos”, parte integrante do Reino/Império de Baceâral, não é por acaso que ainda os caboverdianos consideram os guineenses/africanos de Manjacos.

15 comentários:

  1. Há de chegar o dia em que tudo isso vai melhorar, como dizem que a esperança é o último a morrer, tenha fé em si mesmo,Sei que És um GRANDE capaz de fazer o melhor para esta nossa querida Pátria, que Deus te abençoe e ilumine a sua vida.

    Abraços

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    1. Muito obrigado pelas tuas palavras. Também acredito que a esperança é a última a morrer. Tudo de bom para ti.
      Abraço

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  2. Bravo Shr Ildo, que deus esteja consigo abençoes!

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  3. Sou Jaime Sambu, li atentamente o texto e fiquei saber ainda mais que a Guiné Bissau é centro nevrálgico de promoção de analfabetismo.
    Deus é maior e tenho a fé de que um dia vais ultrapassar esses obstáculos sem enveredar pelo caminho da política atira.
    Hoje no mundo o conhecimento é produto de mercado, quem tem melhor produto certamente terá procura.
    A Guiné Bissau esta assim porque a política infestou toda a sociedade de maneira que para atingir êxito na vida tens que de fazer parte de sistema e negando os seus valores intelectuais e seguir a doutrina dos terroristas políticos.
    Mas como é que o desenvolvimento é um processo, a verdade nos libertará.

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    1. Caro estudioso da Ciência Política, espero que a fé seja capaz de mover montanhas. Todos somos (animais) politicos segundo Aristóteles. Do ponto de vista de Max Weber, só depende da categoria em que estamos inseridos.
      Acredito que as coisas vão mudar para melhor um dia, tanto na política como na sociedade.
      Grande abraço

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  4. Origado pela partilha! Pelo que leio, as dificuldades no regresso à Pátria Mãe (miserável madrasta) foram muito mais do que as que eu imaginaria. Confirmam a convicção de que as muitas dificuldades por que passa a grande maioria da Nação Guineense, radica no sistema montado aquando da independência, que gerou os causadores dos desmandos que se têm verificado, comprometendo o necessário e desejado desenvolvimento económico e social em largos estratos da sua população. Força para continuar a lutar por nobres causas. fraterno abraço.

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    1. Caro amigo, mais uma vez agradeço as suas palavras de encorajamento e a sua análise. Realmente, muitos dos problemas deveriam ter sido resolvidos desde a independência! Qualquer pessoa crítica ao sistema, como é o meu caso, deve preparar-se para este tipo de dificuldades, tendo em conta que a cultura política precisa de amadurecer. Mas estas dificuldades também nos tornam mais fortes, por isso estou determinado a continuar a lutar.
      Grande abraço

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  5. Tafarel,coragem assim foi sempre o nosso paıs, mas voce vai acabar de vencer, venceste muitos obstaculos,para chegar onde que é chegou agora irmao .nao tenhas medo continue lutando.que tia rosalia e sonia tenha um bom canto na gloria...nha mantenha.

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    1. Muito obrigado pelas tuas palavras de encorajamento e de esperança. Estamos juntos.
      Quem me chama de Tafarel deve complementar com o diabo loiro!
      Grande abraço meu caro amigo

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  6. Tenha coragem prof eu sei da sua capacidade e do seu mérito mereces mais do que isso mas tenha calma tudo à de melhorar Deus é Grande digo obrigado por tudo que mi ensinaste

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    1. Muito obrigado pelo teu comentário.
      A relação entre professor e aluno implica sempre uma reciprocidade de aprendizagem, por isso, também aprendi contigo.
      Um grande abraço

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  7. Força e coragem primo,deus no comando, Um forte abraço

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    1. Obrigado primo, vamos manter Deus no leme e ter fe. Um grande abraço

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  8. Porof contenue manter o seu carácter,os nossos governantes so julgam o livro pela capa, espero que isso um dia acabará pessoas como você existe mas acaba de ser controlados pelo sistema,a Guiné precisa das pessoas Como você que pode e sabe fazer algo não é aquele mostram que sabem pra fechar a porta os outros e querem continuar ainda a viver da político, mas estou convicto que tarde que seja essas pessoas vao ser desmascaradas para que nossa Guiné possa alcançar o caminho pra desenvolvimento que Deus nós ajude fé acima de tido

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